Rodrigo Freitas, no O Tempo:
Um novo partido político está em gestação no Brasil. Ainda sem um nome definido ou até mesmo especulado, o senador mineiro Clésio Andrade (PR) - partido que compõe a base de apoio da presidente Dilma Rousseff - articula a criação de uma legenda.
A ideia é que a nova sigla engrosse as fileiras dos aliados de Dilma no Congresso e ajude a garantir a governabilidade da petista. Clésio também ajudaria Dilma a lidar com sua base aliada, já que ela não tem o mesmo "jogo de cintura" de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, a formação de um novo partido visaria atrair até mesmo dissidentes de legendas da oposição.
O senador já teria o apoio de 20 deputados federais eleitos - alguns, inclusive, da oposição. Os nomes, no entanto, não foram divulgados, segundo uma fonte, para "não melindrar" o processo de criação da nova legenda.
Nos bastidores, a informação é a de que o senador mineiro já conseguiu pouco mais de 500 mil assinaturas em prol do novo partido. A maioria das pessoas procuradas inicialmente teria ligação com o setor de transportes, uma vez que Clésio é o presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e tem grande influência sobre esse seguimento.
O senador Hélio Costa (PMDB) foi quem "noticiou", ontem, em seu perfil no Twitter, a predisposição dos parlamentares em aderirem à nova sigla. "Senador Clésio Andrade já está trabalhando na fundação de um novo partido nacional. Já tem 20 deputados federais novos, prontos para filiação", escreveu Hélio Costa.
Ontem, em entrevista a O TEMPO, Hélio disse que recebeu convite de Clésio para integrar a nova legenda, mas que seu "caminho é o PMDB". "Se isso ocorrer (a criação do partido), vai ser muito importante para ampliarmos as bases da presidente Dilma e evidentemente darmos a ela o apoio necessário para o governo. Clésio é um homem muito qualificado e preparado para montar o seu próprio partido", disse o peemedebista.
SAIA JUSTA. O anúncio de Hélio Costa, entretanto, teria causado um certo constrangimento a Clésio Andrade. A informação é que ele não queria que sua pretensão vazasse agora, a título de estratégia política. No entanto, interlocutores próximos a ele confirmaram a intenção de lançar a nova legenda.
A criação de um novo partido por Clésio Andrade serviria ainda como uma espécie de resposta ao senador eleito Aécio Neves (PSDB), de quem ele foi vice-governador, entre 2003 e 2007. Aécio contava com a ideia de ter um reduto da oposição no Senado. Além dele, Itamar Franco (PPS) e Eliseu Resende (DEM) engrossariam o bloco. Entretanto, a morte de Eliseu, no dia 2 deste mês, e a posse de Clésio em seu lugar mudaram a configuração na Casa.
O novo partido de Clésio Andrade, se sair do papel, pode ainda frustrar os planos do PR no Senado. É que com a morte de Eliseu, a sigla se iguala ao DEM em número de senadores. Cada legenda passa a ter cinco cadeiras na Casa. Se Clésio realmente fundar uma legenda, o PR permaneceria com quatro senadores.
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